Você escuta, mas não entende direito o que foi dito? Pode ser Distúrbio do Processamento Auditivo Central

Em consultórios de otorrinolaringologia, é comum a queixa de pacientes que conseguem escutar, porém não entendem o que escutam ou têm dificuldade para localizar de onde vem o som. Geralmente, essas queixas vêm acompanhadas de dificuldade de concentração, que, muitas vezes, está relacionada ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e isso pode dificultar o diagnóstico do Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC).

Embora traga a palavra “auditivo” no nome, o Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC) é uma alteração neurológica, que prejudica a capacidade de conectar informações ouvidas. Como o nome indica, trata-se de uma falha no processamento do que é escutado. No entanto, o médico torrinolaringologista tem importante papel tanto no diagnóstico do distúrbio quanto como parte da equipe multidisciplinar para o tratamento do problema.

QUAIS AS CAUSAS DO DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL?

Não existe uma causa única, e há algumas divergências sobre o assunto, mas o DPAC está relacionado a alterações neurológicas nas regiões do cérebro ou do sistema nervoso central que controlam o processamento auditivo. E entre as possíveis causas, as mais comuns são: problemas genéticos, lesões cerebrais (causadas por traumatismo craniano), perdas auditivas não tratadas corretamente, envelhecimento celular devido à idade. Nascimentos prematuros, anóxia (ausência de oxigênio, principalmente no cérebro), abuso de álcool ou drogas pela mãe durante a gestação e otites por repetição durante a infância também são algumas causas possíveis.

QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS DO DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL?

Para pessoas com DPAC, algumas tarefas simples podem se tornar muito difíceis e até impossíveis de serem realizadas. Alguns sinais devem ser observados, pois são sintomas comuns do DPAC:

•Dificuldade de aprendizagem;
•Dificuldade de memorização e desatenção;
•Cansaço rápido e agitação ao assistir aulas;
•Dificuldade para ouvir e prestar atenção em lugares barulhentos;
•Necessidade constante de pedir para repetir;
•Dificuldade para realizar uma sequência de tarefas solicitadas;
•Parecer não ouvir/entender bem;
•Dificuldade em conversar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo;
•Demora para escutar e/ou compreender o que foi dito;
•Dificuldade para localizar de onde o som está vindo;
•Dificuldade para entender conceitos abstratos.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DO DPAC?

Para que o diagnóstico seja consistente, é preciso uma ação conjunta entre médicos (pediatras, otorrinos e  neurologistas, por exemplo) e outros profissionais, como fonoaudiólogos, professores e psicopedagogos. Ao otorrinolaringologista cabe avaliar o histórico do paciente, examiná-lo e solicitar os exames de auditivos e de processamento auditivo, que podem confirmar o diagnóstico e descartar outros problemas.

O fonoaudiólogo deve avaliar a relação entre audição e fala, audição e escrita, ritmo da fala etc. Já o professor é, geralmente, o primeiro a apontar os problemas relacionados ao DPAC. Isso ocorre ao perceber a dificuldade da criança em memorizar palavras e comandos, trocar palavras durante a escrita ou uma dificuldade maior que a de outras crianças com o aprendizado de um idioma ou de uma música, por exemplo.

Embora estejamos falando de crianças, é importante salientar que os sintomas do Distúrbio do Processamento Auditivo Central podem ser detectados em todas as idades.

QUAL O TRATAMENTO INDICADO PARA O DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL?

Após o diagnóstico, é preciso formar uma equipe multidisciplinar, composta, normalmente, por neurologistas, psiquiatras, otorrinolaringologistas, audiologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e profissionais da educação. A abordagem deve ser individualizada, de maneira a corrigir as dificuldades do paciente. O primeiro passo é iniciar o treinamento auditivo, para que, então, seja possível desenvolver as habilidades acadêmicas e sociais do indivíduo.